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terça-feira, 27 de setembro de 2011

A inversão do pedido de Salomão

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"(1Rs 3:5-14) Em Gabaon, Iahweh apareceu em sonho a Salomão durante a noite. Deus disse: "Pede o que te devo dar. " Salomão respondeu: "Tu demonstraste uma grande benevolência para com teu servo Davi, meu pai, porque ele caminhou diante de ti na fidelidade, justiça e retidão de coração para contigo; tu lhe guardaste esta grande benevolência, e permitiste que um filho dele esteja sentado hoje em seu trono. Agora pois, Iahweh meu Deus, constituíste rei a teu servo em lugar de meu pai Davi, mas eu não passo de um jovem, que não sabe comandar. Teu servo se encontra no meio do teu povo que escolheste, povo tão numeroso que não se pode contar nem calcular. Dá a teu servo um coração cheio de julgamento para governar teu povo e para discernir entre o bem e o mal, pois quem poderia governar teu povo, que é tão numeroso?  Agradou ao Senhor que Salomão tivesse pedido tal coisa; e Deus lhe disse: "Porque foi este o teu pedido, e já que não pediste para ti vida longa, nem riqueza, nem a vida dos teus inimigos, mas pediste para ti discernimento para julgamento, vou fazer como pediste: dou-te um coração  sábio e inteligente, como ninguém teve antes de ti e ninguém terá depois de ti.

E  também o que não pediste, eu te dou: riqueza e glória tais, que não haverá entre os reis quem te seja semelhante por toda a tua vida. E se seguires os meu caminhos guardando os meus estatutos e os meu mandamentos como o fez teu pai Davi, dar-te-ei uma vida longa."

A paz do Senhor a todos!

A passagem acima é uma das minhas favoritas, uma das que mais me intriga e me faz refletir. O pedido do rei Salomão, é para mim, como se fosse um parâmetro para os pedidos que fazemos, me faz pensar: "Será este um pedido realmente sincero e nascido do meu coração?"

Pois bem, estamos vivendo num século cujos pedidos e sonhos já nos são dados prontos, penso eu que nunca tenha se privilegiado tanto o ter ao invés do ser. Não há mais heróis, ninguém fala de amor ou sentimentos nobres. Tudo é ter, ter, ter, é o mesmo pedido entre os creem e os que não creem, pra todo lado é a pregação da vitória, da conquista, da felicidade a todo custo, da cura a qualquer preço. Na cruz, Jesus tinha um ladrão de cada lado(Lc 23:39-43), um pediu para que fosse lembrado por Ele no Reino dos Céus, o outro pediu o abreviamento da dor, quis se aproveitar de uma "amizade". Pelo menos naquela situação era meio-a-meio, mas, hoje em dia dá a sensação de que os que pedem para descer da cruz são a esmagadora maioria.

Não sei de onde pastores, gurus, mestres espirituais, padres e mais todo tipo de gente tem achado que tem autoridade para descer alguém da cruz, para prometer riquezas, vida fácil, curas e pagamentos de dívidas. Sei lá de parte do inferno surgiram todos esses pregadores do egoísmo e hedonismo, posso até estar sendo ríspido mas, sinceramente pedidos egoístas que satisfazem somente os desejos de um único ser sem levar em consideração o bem estar geral não saem das regiões mais elevadas, não são típicos daqueles que primeiro buscam as coisas do alto!

Vejamos então a passagem do pedido de Salomão.

Em primeiro lugar, ele teve um encontro verdadeiro com Deus, não é o testemunho de outrem, é uma experiência íntima e pessoal com Deus, portanto, busque você a sua. Segundo, Salomão escutou o que Deus tinha para falar antes de abrir a própria boca, primeiro contemplou, vou repetir, primeiro escutou a voz de Deus, então, será que já não é hora de parar de pedir, pedir e pedir  e tentar escutar um pouquinho, ter um diálogo com Deus ao invés de ficar num monólogo. Vai ver o Senhor tem alguma coisa interessante pra te dizer, mas você não tem dado tempo para ele falar. Terceiro ponto, antes de tudo Salomão foi grato a Deus por tudo que já tinha recebido, pense bem, muito provavelmente o fato de você poder estar lendo este artigo seja a convergência de várias condições pelas quais você deveria ser grato ao Pai. Quarto ponto, Salomão não sabia o quanto poderia ser grande mas tinha exata noção de sua pequenez e necessidade de ajuda divina, sabia exatamente em que ponto deveria abaixar a cabeça e se render a ajuda do Pai, tente isso, tente não se esforçar tanto e permitir que o Senhor lhe dê as habilidades necessárias para cumprir sua tarefa neste mundo, deixe que o Espírito preencha seus espaços vazios. Quinto ponto, o pedido de Salomão! Salomão pediu sabedoria para discernir entre o bem e o mal, sabia não poderia relativizar um e outro e, acima de tudo, Salomão pediu o que pediu para servir e, não para seu próprio benefício.

Salomão não usou de esperteza com Deus, não barganhou nada! O Senhor deu a ele mais do que ele pediu porque sabia que o jovem se tornaria um homem capaz cuidar do que lhe fosse confiado. E é ainda muito importante notar, a condição para que tudo corresse bem, a observância dos mandamentos de Deus e seguir os seus caminhos. Deus também não barganha com Salomão, dá um último conselho para que ele não se deixasse levar pela vaidade, o Pai lhe previne de que nem mesmo aqueles que tem um encontro pessoal com Ele vivem imunes às consequências dos próprios atos, não carma nem castigo, é o simples fato de que há uma consequência para cada ação humana.

Infelizmente e desgraçadamente, hoje em dia, temos invertido o pedido de Salomão, as igrejas, as escolas, as faculdades, o trabalho, sei lá mais onde, lotados de gente pedindo e de outros prometendo glória. Até o Raul Seixas sabia, que se você não estiver com Deus é melhor estar de olho aberto!

Portanto, pense bem nos seus pedidos, nos seus desejos, nas suas ambições, pense se está realmente primeiro buscando as coisas do alto. Pare para agradecer e, principalmente fique um pouco calado para escutar o que Deus pessoalmente tem pra te falar. Depois sim, depois disfrute dos benefícios de poder ser chamado filho de Deus, sem nunca se esquecer que primeiramente você deve servir, ser útil de verdade no meio em que vive.

Desejo a você paz sem passividade, a paz do Senhor, Amor incondicional, vindo direto do Pai, liberdade sem libertinagem, igualdade com privacidade e sem perder a personalidade, por fim fraternidade com verdade!

Nele, sempre, Oliveira.

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